Pesquisa aponta relação entre a produção de café conilon no ES e o aumento da temperatura do ar

O café é uma das commodities alimentares mais importantes na economia mundial e o estado do Espírito Santo (ES), que ocupa aproximadamente 0,55% do território brasileiro, é o maior produtor da espécie Coffea canephora (café conilon), responsável por mais de 63% da produção do Brasil e, aproximadamente, 20% da produção mundial.

Contudo, um estudo recente realizado pelo professor Paulo Cezar Cavatte (Departamento de Biologia CCENS/UFES) e pelo ex-aluno da UFES Luan Peroni Venancio, em parceria com pesquisadores da UFV, intitulada “Impact of drought associated with high temperatures on Coffea canephora plantations: a case study in Espírito Santo State, Brazil” que recentemente foi publicada na revista Scientific Reports (7ª revista mais citada do mundo), mostrou que toda essa hegemonia tem sido seriamente desafiada pelas mudanças climáticas.

A pesquisa teve como objetivo realizar uma análise do real impacto da seca associada com altas temperaturas e irradiâncias nas plantações de café conilon no ES durante as safras de 2010/11 até a safra 2015/16.

Dentre os principais resultados, os pesquisadores verificaram que o aumento de 1° C na temperatura anual média foi associado com decréscimos de aproximadamente 31% da produção, considerando a precipitação anual média. Mesmo considerando os maiores valores de precipitação anual média da série (1200 mm), o aumento de 1° C na temperatura anual média foi associado com decréscimos de aproximadamente de 25% na produção.

Os pesquisadores destacaram os avanços que ocorreram nas últimas décadas em relação à obtenção de variedades com algum grau de tolerância à seca. Contudo, atualmente, diante de um cenário de mudanças climáticas globais, o maior desafio da cafeicultura capixaba parece ser o desenvolvimento de estratégias eficientes para mitigar os impactos do estresse térmico. Além do mais, os autores apontam que os potenciais efeitos positivos do aumento da concentração de CO2 no ar atmosférico em amenizar o impacto negativo do aumento das temperaturas serão mais significativos, principalmente em altitudes mais elevadas, e, portanto, mais evidentes em cultivos de café arábica.

Por fim, os autores abordam que as plantações de café conilon no ES são suscetíveis a novos extremos climáticos, pois continuam a ser manejadas a pleno sol e que uma opção para evitar essa problemática, seria o uso de sistemas agroflorestais.

A pesquisa completa pode ser acessada pelo link: https://www.nature.com/articles/s41598-020-76713-y.

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